add-search-to-menu
domain was triggered too early. This is usually an indicator for some code in the plugin or theme running too early. Translations should be loaded at the init
action or later. Please see Debugging in WordPress for more information. (This message was added in version 6.7.0.) in /home/u294706312/domains/typo.ag/public_html/act/wp-includes/functions.php on line 61217 de agosto de 2018
ACT
Passa ano, entra ano, a Semana Mundial do Aleitamento Materno desperta emoções intensas aqui dentro de mim. O Agosto Dourado sempre me faz refletir muito sobre a importância da amamentação. Talvez por isso tenha sido convidada a escrever este texto e abrir o coração, mas dessa vez escrevo com mais responsabilidade e entendimento do meu dever de comunicar. Explico: além de nutricionista e jornalista, sou mãe de um menino de 8 anos, o Mateus, que tem alergia a três proteínas do leite desde bebê. Muito antes de vivenciar a maternidade, sempre sonhei com o momento da amamentação, por tudo o que ela representa e significa. Mas faltou informação a mim e ao meu marido porque, por mais que tivéssemos feito cursos variados para mãe e pai “grávidos”, Mateus recebeu a fórmula de leite de vaca ainda no berçário da maternidade, com horas de vida. Enquanto eu estava no quarto, meu bebê estava no berçário para alguma demanda de medições-troca de roupa-fralda e, sem nosso conhecimento e nossa autorização, tomou a famosa mamadeira de berçário. Essa prática precisa acabar nas maternidades e hospitais do Brasil. Os médicos, enfermeiros e profissionais de saúde em geral precisam entender que prescrever e ofertar a mamadeira sem uma real necessidade (e essa real necessidade é MUITO, MUITO rara) é ir contra o aleitamento materno.
A oferta equivocada da mamadeira no berçário acontece em grande parte pelo alto número de cesarianas. O leite ainda não “desceu”, os bebês no berçário choram e qual acaba sendo a solução mais “fácil”? A fórmula…
Mas é preciso entender que precisamos mudar essa realidade. A amamentação logo após o nascimento, na primeira hora de vida, é benéfica para o bebê e para a mãe. A composição do leite é única e atende a todas as necessidades da criança, além de protegê-la contra doenças na infância e na fase adulta. Produzido naturalmente pelo corpo da mulher, o leite é riquíssimo em anticorpos, tem influência na relação do bebê com a comida e na formação do gosto. Não existe alimento melhor nos primeiros anos de vida.
E onde entra a alergia alimentar nessa história? Pouca gente sabe, mas a mamadeira oferecida ao bebê no berçário é chamada informalmente de “mamadeira fatal”. Segundo o Consenso Brasileiro sobre Alergia Alimentar, publicado este ano e elaborado pela Sociedade Brasileira de Pediatria e pela Associação Brasileira de Alergia e Imunologia, o contato precoce do bebê com fórmulas de leite de vaca pode induzir à disbiose intestinal, tornando-se um importante fator de risco na alergia alimentar.
Já me culpei muito pela mamadeira do berçário e pela alergia alimentar do Mateus. Mas hoje, de forma mais racional, percebo que o problema é bem maior e que, se eu tivesse a informação que tenho hoje, nossa história certamente seria diferente. Quantas gestantes não devem estar lendo este texto agora? E é para elas que eu escrevo com muito amor: ajudem a mudar essa realidade, informem-se sobre o assunto, não deixem que seus bebês recebam o leite de vaca na maternidade. Questionem o médico, empoderem-se, informem-se, perguntem, rebatam. Não fiquem conformadas se disserem que “o jeito é a mamadeira”: o melhor alimento para seu bebê está dentro do seu peito e se chama leite materno.
Mariana Claudino é jornalista e nutricionista da ACT Promoção da Saúde e membro da Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável