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Rosa Mattos
Essa semana, o Grammy 2020 celebrou as melhores músicas e artistas da indústria fonográfica mundial… mas um pouco antes, uma premiação pra lá de animada agitou o México, no dia 15 de janeiro, sem a mesma repercussão do prêmio musical, mas muito mais inusitado e polêmico. Imagine o urso da Coca-Cola, o Tony dos sucrilhos Kellogg’s, e o palhaço do McDonald’s em uma cerimônia nada confortável no Teatro Coyoacán, na Cidade do México, capital do país.
É que eles foram as grandes estrelas da “Antipremiação da publicidade lixo”, um evento irônico e performático com o objetivo de chamar a atenção para o bombardeio de publicidade infantil que acomete meninos e meninas do país. E em um contexto preocupante: uma a cada três crianças mexicanas está acima do peso ou obesa, realidade muito semelhante ao Brasil. Dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan) de 2018 mostram que 30,3% das crianças brasileiras entre 5 e 19 anos de idade estão com sobrepeso, obesidade ou obesidade grave, número que cresce ano a ano.
Elma Chips, Cola-Cola, Kellog’s e Nestlé, grandes indústrias que também estão presentes nos supermercados brasileiros, foram algumas das empresas destacadas por direcionar publicidade às crianças, influenciando a compra de produtos ultraprocessados que aumentam os riscos de desenvolver problemas de saúde. A organização não-governamental “El poder del consumidor” foi a responsável pela realização da irônica premiação, que “celebrou as agências publicitárias que tanto tem se esforçado para engordar meninos e meninas com campanhas publicitárias dirigidas a eles”. No desfile de gala, os mascotes publicitários ganharam voz. “- Aqui nós desfrutamos de total impunidade. Liberdade!”, diziam os atores que interpretavam os personagens. A cerimônia foi transmitida ao vivo pelo Facebook, clique aqui para acessar.
O prêmio “Celebridade mais lixo” foi para…. a campanha do biscoito Cheetos com “Los Polinésios”, um trio de influenciadores digitais famosos no México. A marca de sucos ultraprocessados Jumex venceu na categoria “Gato por lebre”, por usar imagens de frutas frescas em seus comerciais apesar da grande quantidade de açúcar das bebidas. A batata-frita Ruffles venceu na categoria “Machismo Ultraprocessado”, por seus comerciais que retratam mulheres objetificadas. O patrocínio da Coca-Cola ao filme “Vingadores” e à série “Stranger Things”, com inserção de vídeos promocionais antes das sessões, rendeu o prêmio de “Combo cacareco”, uma alusão à pipoca servida nas salas de cinema.
Nas menções honrosas, o refrigerante Sprite levou a estatueta de “Maquiagem Verde” por promover campanhas de limpezas das praias enquanto segue produzindo milhares de garrafas pet. E o famoso tigre Tony, dos sucrilhos Kellogg’s, recebeu a menção honrosa “A culpa é do consumidor”. Mas a grande vencedora da noite foi… a gigante dos ultraprocessados Nestlé, que venceu a categoria “Grande Prêmio ao Cartel dos abusadores”, por desenvolver um “exército de personagens para promover seus produtos”. Piadas locais à parte, quantas semelhanças com o Brasil!
De acordo com a organização mexicana “El Poder del consumidor”, “é urgente que o atual regulamento de publicidade contemple a proibição de publicidade voltada para crianças em todos os meios e espaços, como TV, rádio, rua, internet, pontos de venda e espaços infantis, “utilizando todos os tipos de ferramentas de manipulação e engano como brinquedos, promoções, personagens populares e fictícios, adesivos e itens de coleção”.