add-search-to-menu
domain was triggered too early. This is usually an indicator for some code in the plugin or theme running too early. Translations should be loaded at the init
action or later. Please see Debugging in WordPress for more information. (This message was added in version 6.7.0.) in /home/u294706312/domains/typo.ag/public_html/act/wp-includes/functions.php on line 61215 de julho de 2021
Mariana Pinho
Se você tem mais de 40 anos, é possível que lembre de ter visto um camelo de óculos escuros em cima de uma motocicleta fumando. Era época em que a propaganda desses produtos era permitida no Brasil. Os Camel e Winston, comercializados pela Japan Tobacco International (JTI), garantem à empresa 16% da fatia de mercado global de produtos de tabaco comburentes. No Brasil, a companhia tem 1% do mercado.
De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019, 20,5 milhões de pessoas com mais de 15 anos de idade fumam no país. A companhia sabe disso e tem investido bastante para ampliar sua fatia e conquistar não apenas a simpatia, mas certamente, novos e jovens clientes.
Lamentavelmente, as pesquisas já deram sinal de fumaça. Mesmo que a proporção de fumantes tenha reduzido de 14,7% para 12,6% entre 2013 e 2019 (PNS), entre os fumantes de cigarro de palha de 18 a 24 anos de idade, a pesquisa mostra um aumento estatisticamente significativo, tanto na área urbana quanto rural.
A companhia atua de acordo com a cartilha das empresas do tabaco: desenvolve ações de responsabilidade social como estratégia de conquistar mercado e ficar bem ranqueada no mercado internacional; Implementa programas corporativos vislumbrando certificados e reconhecimento de boas práticas ambientais e trabalhistas; e se envolve com projetos sociais com adolescentes e público adulto-jovem. Essas práticas corporativas, porém, não podem afastar o fato de que é fabricado um produto que mata metade de seus consumidores.
Em 2020, a JTI colocou para funcionar a fábrica que estava pronta desde 2018 em Santa Cruz do Sul, a 155 km da capital gaúcha. A meta da empresa para este ano de 2021 é produzir 4 bilhões de cigarros ao ano. Mais pulmões brasileiros enfumaçados.
E não é só isso. A empresa lançou recentemente uma campanha institucional sobre “liberdade de escolha”. Você talvez também deva lembrar do slogan de uma outra marca de cigarros. Mais uma tentativa de vender a ideia de algo muito diferente de seus negócios. O fato é que, ao final, eles continuam vendendo nicotina, substância responsável pela dependência química e diversos prejuízos à saúde dos usuários. The Byte News
O mote desta campanha é liberdade de trabalhar quando e onde quiser. Permissão que a empresa concede para os funcionários, mas para os 11 mil agricultores do setor, a regra é outra: tem hora de plantar, de colher e de passar noites inteiras controlando temperatura de fornos para secagem das folhas, em virtude do sistema integrado, onde as empresas controlam a qualidade, volume, variedade e custos na produção do tabaco pelo agricultor. Esse lado não aparece nas redes sociais.
O controle do tabaco no Brasil é reconhecidamente bem sucedido – o país foi pioneiro em diversas medidas. Mas ainda há muito o que ser enfrentado, não estamos no final do jogo. Medidas educativas e legislativas precisam ser intensificadas para garantir proteção à saúde, especialmente dos jovens. E a reformulação do sistema de impostos dos produtos de tabaco deve ser compreendido como o melhor caminho para isso. O custo do tabagismo para sociedade brasileira é gigantesco: mais de R$ 92 bilhões de reais ao sistema de saúde. Por outro lado, apenas R$ 12 bilhões retornam aos cofres públicos por meio da arrecadação com impostos advindos do cigarro. É uma conta que não fecha.