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ACT
A alimentação não-saudável é fator de risco para várias doenças crônicas não-transmissíveis – como hipertensão e outras doenças do coração, diabetes, e alguns tipos de câncer. E o consumo alimentar também um dos eixos investigados pelo Vigitel 2021 (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), uma pesquisa realizada anualmente nas capitais e Distrito Federal.
Neste texto, vamos apresentar alguns destaques no tema do consumo de alimentos – e em dois blocos: o consumo de alimentos considerados marcadores de uma alimentação adequada e saudável (feijão, frutas, legumes, verduras e outros alimentos in natura e minimamente processados), e o consumo de produtos que indicam uma alimentação não-saudável – refrigerantes e outros produtos ultraprocessados.
Acompanhando os dados do Vigitel dos últimos dez anos, o consumo de frutas e hortaliças se manteve baixo e estável. Em 2021, considerando o conjunto das capitais brasileiras, cerca de 1 em cada 3 adultos consumia frutas e hortaliças regularmente e 22,1% consumia o mínimo de porções recomendado pela Organização Mundial de Saúde, que é de 5 ou mais porções diárias. O consumo desses alimentos é ainda menor entre pessoas menos escolarizadas, entre homens e adultos mais jovens.
Já o consumo regular de feijão apresentou estabilidade no período pandêmico, mas teve queda nos últimos dez anos, passando de 67,6% em 2011 para 60,4% em 2021. Nos dados do Vigitel 2021, esse item básico da alimentação foi mais consumido por homens (65,9%) e pessoas com menor escolaridade (67,2% dos adultos com zero a oito anos de estudo).
Outra pergunta da pesquisa investigou a frequência de consumo de cinco ou mais grupos de alimentos não ou minimamente processados, protetores para doenças crônicas, no dia anterior à entrevista – como grão de bico, brócolis, banana, laranja, entre outros. Uma pergunta razoavelmente recente, e que é avaliada desde 2018. Esse índice manteve estabilidade com 30,9% das pessoas avaliadas relatando ter consumido alimentos menos processados no dia anterior à pesquisa, prevalência que foi mais elevada entre mulheres (33,7%) do que entre homens (27,7%). Outro dado apurado foi o de que o consumo desses alimentos benéficos tendeu a ser maior conforme aumentava a idade e a escolaridade das pessoas entrevistadas.
Como resultado positivo, o consumo frequente de refrigerantes caiu em dez anos e durante a pandemia manteve esta tendência. Apesar disso, o consumo é ainda elevado: 14% dos entrevistados afirmaram consumir refrigerantes em cinco ou mais dias da semana. A prevalência é ainda pior entre homens (17,2%) e adultos mais jovens, com faixa etária entre 18 a 24 anos (19,7%).
Agora vamos à pergunta sobre o consumo de cinco ou mais grupos de alimentos ultraprocessados no dia anterior à entrevista, uma pergunta que foi incluída no Vigitel mais recentemente, em 2018. Em 2021, 18,2% da população consumiu pelo menos cinco grupos de ultraprocessados no dia anterior à pesquisa, prevalência mais elevada entre homens (21,7%) e adultos jovens de até 24 anos (27,9%). Um resultado que não mostrou relação significativa com a escolaridade: o grupo que consumiu com maior frequência foram as pessoas com 9 a 11 anos de escolaridade (21,2%), bem acima da frequência de pessoas com 0 a 8 anos de escolaridade (14,8%) e também das pessoas com 12 ou mais anos de estudo (17,2%).
Esses foram apenas alguns destaques nossos sobre o consumo alimentar no Vigitel 2021. Só pra relembrar, neste texto aqui analisamos dados sobre a prevalência de algumas DCNTs, e nesse outro artigo, trouxemos dados específicos sobre tabagismo.
E fica o nosso convite para ler o Vigitel 2021 na íntegra: a eleição para governador e governadora está chegando – que tal um olhar específico para o consumo alimentar na capital do seu estado? As variações são bem interessantes e podem trazer pistas sobre os padrões alimentares nas diferentes regiões do Brasil. Desfrute!
A alimentação saudável e adequada não depende apenas de escolhas individuais, e, ainda que não percebamos claramente, é fortemente influenciada por questões sociais e políticas. É por isso que defendemos: ambientes saudáveis favorecem escolhas saudáveis! E para ambientes saudáveis precisamos de políticas públicas: regulação da indústria, incentivo público a produção e consumo do que faz bem à saúde, e desincentivo e restrição aos produtos que nos adoecem e matam.
Bruna Kulik Hassan e Rosa Maria Mattos