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Anna Monteiro
A indústria do tabaco tem um longo histórico de influência para tentar impedir medidas eficazes, como as de preços, impostos e restrições ao marketing. Modelo de negacionismo das evidências científicas, suas táticas são usadas por outras empresas fabricantes de produtos nocivos, como as de ultraprocessados, de álcool e de combustíveis fósseis. Não à toa, a indústria do tabaco ficou conhecida como “o pai de todo o negacionismo”.
A negação dos fatos ficou nítida em 1953, quando um cientista alemão descobriu, em experimentos de observação, que cigarro causa câncer. Para abafar o fato e evitar perder o negócio que, naquela altura, dava um lucro fabuloso, diversos fabricantes se uniram e contrataram a maior agência de relações públicas do mundo para fraudar os estudos e mentir à população. Foi publicado, então, um anúncio em mais de 500 jornais dos Estados Unidos, prometendo contar tudo o que se soubesse sobre os efeitos do cigarro.
A partir daí, foi usada a tática de se repetir uma mentira mil vezes até ela se tornar verdade, ou pelo menos jogar dúvidas no ar, muito parecida com a criação do que hoje em dia chamamos de fakenews. As empresas de tabaco mentiram, enganaram, inventaram pesquisas, usaram cientistas para fazer estudos controversos e que levantassem dúvidas sobre os cigarros, investiram pesado em marketing direcionado a públicos-alvo específicos, como crianças, mulheres, população negra. Usavam o que era possível, como reportagens, promoção de eventos, doações e muita propaganda, tudo para suavizar a imagem de um produto que causa a morte de metade de seus usuários regulares.
No início dos anos 1990, vários estados norte-americanos processaram as maiores empresas de tabaco para ressarcir os gastos públicos com os custos de tratamento de doenças e outros danos, sob a alegação de realizarem marketing para jovens, fraude, manipularem a nicotina, omissão de informações etc. Foram feitos acordos, e as empresas se obrigaram a efetuar pagamentos anuais em perpetuidade aos estados para ressarcimento dos gastos públicos com o tratamento de doenças tabaco relacionadas.
Este ano, completam-se 20 anos da disponibilização dos documentos internos da indústria do tabaco e foi organizado um evento para destacar a importância deles. Entre as estratégias mais usadas, destacam-se:
Você ficou com curiosidade em conhecer mais sobre esses documentos? A Revista Brasileira de Cancerologia preparou um artigo especial a respeito deles e o Observatório sobre as Estratégias da Indústria do Tabaco traz um acervo com informações de domínio público. Em repositórios internacionais, como o da Universidade da Califórnia em São Francisco, é possível acessar mais de 14 milhões de documentos, vídeos e imagens sobre propaganda, marketing, fabricação, pesquisas e atividades políticas.