É bem frequente o uso conjunto de álcool e cigarros, e em geral os fumantes perdem a conta de quanto fumaram ao sair para beber com os amigos; aproveitando a pergunta do Gimar sobre este assunto, pedi para a Cris (Cristiane Sales, que faz parte da ACT e é Especialista em Dependência Química pela UNIFESP) para comentar e lá vai:

“O Tabaco e o Álcool são as duas drogas mais consumidas mundialmente. Por serem lícitas, são vendidas livremente. Existem vários estudos científicos sobre os efeitos no cérebro sobre o uso concomitante de álcool e tabaco:

– A nicotina e o álcool atuam em alguns pontos em comum no cérebro. O álcool parece aumentar os efeitos de prazer da nicotina e a nicotina alivia os sintomas de abstinência do álcool;
– Os mesmos genes estão envolvidos com o abuso de tabaco e álcool;
– Por ser o álcool uma droga depressora do Sistema Nervoso Central e o tabaco estimulante, o uso concomitante dessas duas substâncias faz com que uma compense os efeitos da outra, dando a sensação de equilíbrio ao indivíduo que acaba acreditando estar bem e que pode beber e fumar mais um pouco;
– A bebida alcoólica tem o feito diminuir a censura, e por isso também o indivíduo bebe e fuma mais sem crítica ou culpa;
– Em termos comportamentais, já se sabe que o álcool é um gatilho para o cigarro, ou seja, o uso do álcool aciona automaticamente a vontade de fumar. Isso acontece por que a pessoa desenvolveu o hábito de sempre beber e fumar ao mesmo tempo e este comportamento se cristalizou como o tempo;
– Há também um risco cumulativo devido ao uso concomitante dessas duas drogas, com aumento da incidência de vários tipos de câncer, doenças psiquiátricas como a depressão e ansiedade e doenças cardiovasculares.

Se você percebeu que está difícil parar de fumar por causa da bebida, é por que realmente ela pode atrapalhar o seu projeto de largar o cigarro. Ficar sem beber enquanto está parando de fumar aumenta as chances de sucesso e diminui o risco de recaídas.”

É isto, pessoal, até amanhã!