Fonte: Diário de Notícias
Lisboa – Portugal
Data: 28/02/08 Por Rute Araújo

Não falta evidência científica sobre os efeitos negativos do tabaco na saúde. E também não faltam tratamentos para deixar de fumar. Contudo, nem todos têm o mesmo efeito. Para ajudar a avaliar a eficácia de cada um, foi apresentado um guia dirigido aos médicos para que aconselhem os melhores métodos aos seus pacientes. As conclusões dizem que os medicamentos são os mais eficazes e que as técnicas alternativas, como a acupuntura, a hipnoterapia ou os estímulos eletromagnéticos têm “efeitos nulos”.

Desenvolvido pelo Centro de Estudos de Medicina Baseada na Evidência, da Faculdade de Medicina de Lisboa, as normas para deixar de fumar partiram da análise dos estudos científicos realizados nos últimos 30 anos. O diretor, António Vaz Carneiro, refere que quando se diz que um determinado método não tem efeito é porque não existem provas científicas que o comprovem.

Para o coordenador do guia, o tabagismo “é uma das áreas da biomedicina em que mais se investiga” atualmente. E acrescenta que, no caso das técnicas alternativas, “até podem funcionar em alguns casos, mas o objetivo é que os médicos utilizem as terapias que dêem resultados no maior número de doentes (…) infelizmente, esses instrumentos são basicamente inúteis ou têm um efeito negligenciável”

O estudo lembra ainda que há populações de risco para as quais o tabaco tem efeitos ainda mais nefastos. É o caso dos doentes com problemas cardiovasculares, respiratórios e das grávidas – “estima-se que a cessação durante a gravidez possa prevenir 10% das mortes perinatais, 35% dos recém-nascidos de baixo peso e 15% dos partos prematuros”.

António Vaz Carneiro lembra que, apesar de os medicamentos serem o método mais eficaz, nem todos os fumantes têm de ser tratados desta forma. “Deve tentar-se primeiro outras abordagens num jovem de 25 anos sem doenças, que apresenta uma situação completamente diferente da de um doente coronariano com 55 anos”, exemplifica.

A primeira abordagem aconselhada aos médicos passa sempre por avaliar o grau de dependência e o grau de motivação do fumante para largar o cigarro.