Eis um tema espinhoso já que envolve diversos fatores, mas não é raro ouvir relatos como estes tirados de comentários no blog:

“Estou numa luta pra tentar parar de fumar ha quase tres anos, já fiquei tres meses, semanas, dias e qd menos espero, estou fumando de novo…estou usando remedio e adesivos, mas me sinto muito deprimida sem cigarro, mas sei que preciso parar, q sou exemplo para meus filhos, que já tenho problemas circulatórios e tudo mais…estou desesperada”

“Olá, a médica receitou o Bup e estou fazendo pesquisa de preços. Parei de fumar por Deus em 21/08/08 e não senti mais vontade.Vejo as pessoas fumando parece que nunca fumei (chega a ser engraçado). Mas tenho me sentido muito triste, com ideias negativas, vontade de morrer, dores no corpo.(…)”

“(…)É isto mesmo, a gente fica triste sem saber porque, sente uma falta não se sabe de que, faz parte da abstinência. Afinal, o cigarro fazia parte de nossa vida, é como se tivessem tirado alguma coisa da gente, sem o nosso consentimento.(…)”

Existem muitos aspectos a considerar:

Num primeiro momento, há esta sensação de vazio, uma certa tristeza e necessidade de adaptação, comum em processos de mudança de diversos tipos na vida da gente. Quando se para de fumar, isto é agravado pelo fato do cigarro causar dependência e sua falta desencadeia sintomas de abstinência, gerando às vezes intenso desconforto, ainda que por tempo limitado.

Em alguns casos, porém, isto vai além e se observam sinais de depressão que podem preocupar quem parou de fumar ou seus familiares. Estudos procuram analisar esta associação entre tabagismo e transtornos depressivos, a partir basicamente de 3 hipóteses:
– O abuso de substâncias (no caso a nicotina) pode estar relacionado à ocorrência de episódios depressivos;
– Pessoas com sintomas depressivos fumam no intuito de aliviar sintomas de tristeza ou humor negativo;
– Tabagismo e Depressão não seriam relacionadas diretamente entre si, mas variáveis comuns (por ex. fatores genéticos e psicossociais) contribuem para a expressão de ambos.

Até agora as duas últimas têm sido mais consideradas na literatura especializada. É o caso de considerar e refletir se os sentimentos depressivos advêm da abstinência e são transitórios ou se na verdade são a manifestação de um quadro depressivo que vinha sendo mascarado pelo tabagismo. Se esta última for a hipótese mais provável, a indicação é buscar as causas e tratar a depressão.