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Laura Cury
O consumo de álcool é um fator de risco muito negligenciado e que ainda não recebe a atenção adequada do poder público. É um tema que representa um desafio global para a saúde pública, agravado pela interferência da indústria de bebidas alcoólicas e por suas estratégias de propaganda e marketing, que normalizam o consumo. Foi assim que Luciana Sardinha, da Vital Strategies, abriu o webinar Construção e Estratégias de Implementação para Redução do Consumo de Álcool, organizado em conjunto com a ACT Promoção da Saúde e que contou, ainda, com o apoio da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) e do Comitê para a Regulação do Álcool (CRA).
O debate contou com especialistas como Maristela Monteiro, da Opas, Oystein Bakke, da Aliança por Políticas Públicas para Álcool (GAPA – Global Alcohol Policy Alliance), e Maik Dunnbier, do movimento Movendi, e teve moderação de Paula Jonhs, diretora geral da ACT.
O cenário apresentado pelos panelistas revela a urgência de ações urgentes, unindo esforços de governo, sociedade civil e academia para induzir políticas públicas eficazes voltadas para diminuição do consumo de bebidas alcoólicas, lembrando que, ao contrário do que é comumente difundido, não há nível seguro para a ingestão do álcool.
A oportunidade para agir e construir estratégias está no recém aprovado Plano de Enfrentamento do Consumo do Álcool, da Organização Mundial da Saúde, que estipula uma agenda de ações e metas a serem implementadas até 2030. A adoção desse Plano foi resultado de anos de trabalho e traz a necessidade de formulação de políticas a partir das chamadas principais medidas custo-efetivas do pacote SAFER, também da OMS.
Essa iniciativa contém mensagens claras do que se deve fazer, como tributar bebidas alcoólicas para reduzir consumo e diminuir agravos de saúde e econômicos, medida que deve ser colocada no centro das atenções, até mesmo para arrecadar recursos que podem ser reinvestidos em serviços de saúde e comunitários. Há uma oportunidade política para abordar o espaço fiscal, principalmente considerando que governos precisam de recursos financeiros para enfrentar a pandemia da Covid-19, assim como reduzir os diversos custos causados pelo consumo do álcool.
Medidas como a restrição, ou mesmo eliminação, de marketing de álcool e acessibilidade, que aumenta o consumo, também devem ser consideradas.
Deve-se, ainda, reiterar o relevante papel que políticas para o controle do álcool podem desempenhar em promover o desenvolvimento sustentável e como elas podem melhorar índices de insegurança hídrica e alimentar, e de degradação ambiental. Esses são temas que dialogam com o compromisso assumido pelo Brasil e pelos outros 192 Estados membros da Organização das Nações Unidas, ao implementar a Agenda 2030 e não deixar ninguém para trás”.
Ficou claro aos especialistas que, apesar do Plano de Ação conter diversos elementos promissores, como metas ousadas, áreas de ação ambiciosas e foco no que comprovadamente funciona melhor, ele contém fragilidades, como o envolvimento da indústria do álcool em todas as suas áreas.
O webinar terminou com um tom positivo. Para Oystein, os danos causados pelo álcool podem ser reduzidos e, portanto, é hora de aproveitar a oportunidade para isso. Já Maristela reiterou que somos todos parte da solução e, por isso, precisamos trabalhar em conjunto e não desistir. Maik ressaltou, ainda, que para fazer a diferença para as comunidades e para as pessoas afetadas pelos danos causados pelo álcool, precisamos de maior ambição e imaginar um mundo em que beber álcool não seja tão normalizado.