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Grandes produtores de álcool anunciaram que estão comprometidos a ajudar na luta contra o novo coronavírus. Alguns deles estão redirecionando sua produção para fabricar higienizadores para as mãos (álcool em gel).
Mas, embora essa iniciativa seja bem-vinda, existem vários motivos para cautela e preocupação.
Nesta nota, a Movendi International aborda três aspectos que revelam possíveis resultados alarmantes. Também serão feitos três chamados para que ações urgentes para mitigar os danos causados pelo álcool durante a pandemia de COVID-19 sejam tomadas.
A Movendi International está muito preocupada com a cobertura midiática e a divulgação de ações de relações públicas que vêm sendo dadas gratuitamente a uma indústria prejudicial à saúde, com o tratamento preferencial dado aos produtores de álcool por parlamentares, que pode potencializar os males do álcool, e com a possibilidade de que políticas protetivas sejam enfraquecidas ou anuladas.
Considerando os últimos acontecimentos, são necessárias ações e liderança coordenada para:
a adoção de compromissos de enfrentamento dos malefícios do álcool;
declarar o comércio de álcool como “não essencial” e encontrar maneiras efetivas de auxiliar todas as pessoas afetadas pelo álcool durante a crise; e
acabar com subsídios e aumentar os preços de álcool para reinvestir os recursos obtidos em sistemas de saúde.
Três razões para preocupação
Preocupação #1: Cobertura midiática e divulgação gratuitas de ações de relações públicas
Produzir álcool em gel e proteger seus funcionários é o mínimo que a indústria do álcool pode fazer nesta crise.
Outras pessoas e setores estão contribuindo com esforços muito maiores para enfrentar a pandemia. Todos os que trabalham para manter os serviços essenciais em funcionamento e os heróis da área da saúde, que colocam sua própria vida em risco para tratar os doentes, merecem a cobertura midiática e a atenção que os fabricantes de álcool vêm recebendo.
Por isso, a Movendi International alerta contra a promoção de marcas, a cobertura gratuita da imprensa e a divulgação de ações de relações públicas de uma indústria que não é, nem nunca foi, socialmente responsável. Líderes políticos e a mídia deveriam evitar fornecer uma plataforma para exposição de marcas e cobertura gratuita de uma indústria nociva para a saúde.
Por que isso é um problema?
Iniciativas de responsabilidade social corporativa são conhecidas como uma estratégia da indústria do álcool para ‘se dar bem’ aparentando fazer o bem.
Os objetivos são expor a marca de maneira positiva, anunciar seus produtos a uma audiência maior e conseguir apoio público para seus negócios e produtos para estimular o consumo – o que, por sua vez, potencializa os males causados pelo álcool.
Preocupação #2: Tratamento preferencial da indústria do álcool
Enquanto os governos analisam e aplicam medidas de contenção de COVID-19, especialmente políticas de isolamento social, quarentena e restrições de mobilidade, existem evidências que mostram claramente que a indústria do álcool está fazendo lobby em busca de tratamento preferencial.
A produção de álcool em gel não é uma medida verdadeiramente altruísta. Esses fabricantes estão entrando no mercado de produtos para saúde para melhorar sua credibilidade e conseguir tratamento especial.
Em alguns países e jurisdições, esse tipo de lobby e ações de responsabilidade social corporativa já foram bem-sucedidos e fizeram com que o mercado de álcool fosse definido como “serviço essencial”. Isso impede que pontos de venda sejam fechados, como acontece com todos os outros negócios que não são fundamentais para o funcionamento da sociedade durante a fase mais rigorosa de isolamento social desta pandemia.
Por que isso é um problema?
Mesmo antes da pandemia de COVID-19, o álcool já era um grande fardo para serviços e sistemas de saúde.
Agora, quando todos os recursos disponíveis estão sendo realocados para o combate ao novo coronavírus e o tratamento dos infectados, o efeito negativo que o álcool causa nos sistemas de saúde pode ser percebido de maneira mais severa e aguda.
Medidas para reduzir o consumo geral de álcool e os danos associados são, portanto, essenciais, e profissionais da saúde estão cobrando ações dos governos.
Preocupação #3: Enfraquecimento e anulação de políticas de proteção ao álcool
A indústria está se aproveitando da pandemia para fazer lobby para anular políticas e enfraquecer leis já existentes de controle do álcool, o que é extremamente preocupante.
Está sendo feito lobby por redução de tributos e suspensão de restrição de venda de álcool. A indústria também está usando esta crise para promover seus produtos de novas maneiras, com ações em contextos e horários que até recentemente estavam restritos. Campanhas agressivas de marketing expõem crianças e adolescentes à publicidade de álcool.
Por que isso é um problema?
Análises de marketing mostram que as vendas de álcool dispararam. Dados preliminares, no entanto, também estão mostrando números crescentes de violência doméstica e negligência e abuso infantil – que são frequentemente associados com o uso de álcool.
Enfraquecer políticas de controle do álcool provavelmente trará consequências graves a curto e longo prazo: os malefícios causados pelo álcool podem não diminuir na medida esperada em tempos de crise e, depois que a pandemia terminar, será difícil restaurar o nível de medidas de controle do álcool.
Ações a tomar
A pandemia de COVID-19 causou uma crise de saúde pública e econômica. Em tempos em que os recursos são extremamente escassos, a sociedade se beneficiaria de mais regulamentações para diminuir os males causados pelo álcool, aliviar o fardo para os sistemas de saúde e econômico e reinvestir esses recursos em prol do bem-estar e da saúde pública.
Enfrentar os males do álcool com soluções comprovadas e embasadas.
Os males causados pelo álcool enfraqueceram sensivelmente a força, a resiliência e a capacidade dos sistemas de saúde para responder a crises como a pandemia de COVID-19. Medidas comprovadamente eficazes, acessíveis e com base em evidências técnicas estão disponíveis, devem ser usadas e não podem ser enfraquecidas, para proteger a saúde pública e auxiliar os sistemas de saúde.
Definir o comércio de álcool como serviço não essencial e encontrar maneiras efetivas de ajudar todos, consumidores de álcool ou não, afetados pelo álcool durante esta crise.
O álcool não é um produto comum e seus malefícios são multifacetados e disseminados. Uma de suas grandes dimensões é o dano causado a outros, além do consumidor. Avaliações abrangentes de impacto precisam ser realizadas, e mostrarão que a venda de álcool é um serviço não essencial e que existem outras formas de ajudar as pessoas dependentes sem prejudicar a saúde e o bem-estar de outros membros da sociedade.
Acabar com subsídios, aumentar os preços de álcool e investir os recursos obtidos na saúde.
A Movendi International pede pelo fim de todos os subsídios a produtores de álcool. Os recursos estão escassos, os sistemas de saúde estão sobrecarregados e os países estão lutando para salvar suas economias, portanto é preciso usar os recursos disponíveis da maneira mais sustentável e promotora da saúde possível. Está claro que subsídios contínuos para produtores transnacionais de álcool e suas campanhas de marketing são contraproducentes e prejudiciais.
Aumentar os preços e proibir a publicidade e promoções de álcool no meio digital são medidas importantes para proteger a saúde pública. Essas políticas, que têm base em evidências, ajudam a proteger a saúde, aliviam o fardo causado pelo álcool nos sistemas de saúde e geram recursos muito necessários para a sociedade.
Essas soluções políticas para o controle do álcool auxiliam a luta contra a pandemia e fortalecem os sistemas de saúde a longo prazo.
ACT Promoção da Saúde, Brasil
Inštitut za raziskave in razvoj “Utrip” (Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento “Utrip”), Eslovênia
Males causados pelo álcool: danos para a saúde pública, capital humano e produtividade econômica
Fardo causado pelo álcool nos sistemas de saúde: Dados sobre álcool, saúde e bem-estar (ODS 3), ver páginas 8-24, especialmente páginas 21-24
Principais empresas de álcool expostas: práticas e produtos nocivos
A Movendi International reúne 134 organizações de 56 países e é o maior movimento global independente pelo desenvolvimento por meio do controle do álcool. Nós unimos, fortalecemos e empoderamos a sociedade civil para enfrentar o álcool e outras drogas como obstáculos sérios para o desenvolvimento em nível pessoal, comunitário, social e global.