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Juliana
Apesar de a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibir a comercialização no Brasil dos cigarros eletrônicos e produtos de tabaco aquecido, conhecidos como vapers ou vaporizadores, o tema voltará para a pauta de reuniões do órgão fiscalizador, amanhã, 18 de junho, e poderá ser objeto de uma audiência pública. A comercialização do produto é proibida, mas observa-se que o produto vem sendo popularizado em eventos promovidos pela indústria do tabaco, especialmente para atrair o público jovem.
Nosso olhar é de apreensão, tristeza e desconforto, com esse movimento. A indústria do tabaco defende o uso desses novos tipos de dispositivos com o argumento que o produto ajuda as pessoas que desejam parar de fumar, mas isso não é verdade. Ao mesmo tempo que usam esse argumento, as empresas fazem campanhas agressivas nas redes sociais, com influenciadores do público jovem, incentivando as pessoas a usarem os cigarros eletrônicos.
Os influenciadores pagos são geralmente personalidades cool, muito admiradas pelos adolescentes e jovens brasileiros, com milhares de seguidores nos perfis de redes sociais. É contraditório ao extremo que uma indústria defenda seu produto, com argumento pela “saúde” e pague pelo marketing sorrateiro em redes sociais, para atrair outro público ao seu novo produto – e não apenas aqueles que queiram parar de fumar.
Trinta países já baniram as vendas dos cigarros eletrônicos, que somente ano passado movimentaram US$ 12,8 bilhões. Nos Estados Unidos, onde é livremente comercializado, o uso do produto entre adolescentes aumentou 75%, de 2017 para 2018, e um em cada cinco adolescentes declara fumar o dispositivo eletrônico, de acordo com a National Youth Tobacco Survey1. Uma triste realidade que pode ser refletida em outros países.
Por que mudar uma regulamentação no Brasil e ir na contramão de outros países? No Canadá, por exemplo, os cigarros eletrônicos eram ilegais até maio de 2018, quando entrou em vigor uma lei permitindo a venda do produto, com algumas restrições de marketing. Rapidamente, grandes empresas de tabaco inundaram o mercado com os dispositivos e já há evidência apontando aumento alarmante no uso de cigarros eletrônicos e taxas de tabagismo em jovens durante os primeiros seis meses após a mudança na lei. Mais um ponto a ser observado com atenção.
Relembrando como os cigarros eletrônicos surgiram… Eles foram lançados há 10 anos, com o pretexto de ajudar fumantes a se livrarem da dependência da nicotina. O formato do produto é atraente, tecnológico. Um recurso para tornar o produto mais palatável é a utilização dos aditivos com sabores de menta, cravo, canela, chocolate, morango, creme brulê e baunilha, entre outros, o que também é um chamativo para jovens e adolescentes. Se o produto foi criado para ajudar as pessoas a se livrarem da nicotina, qual o motivo de incluir um atrativo como os aditivos de sabor nesses cigarros eletrônicos? Tem sentido?
1. Dados da National Youth Tobacco Survey. Cullen KA et al, Notes from the Field: Use of Electronic Cigarettes and Any Tobacco. Product Among Middle and High School Students — United States, 2011–2018. Morb Mortal Wkly Rep 2018;67(45).