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Rosa Mattos
Ano a ano, ao mesmo tempo em que o consumo de produtos ultraprocessados é cada vez maior no Brasil, aumenta também a quantidade de evidências científicas demonstrando a associação desses produtos a doenças e mortes. Esse é o caso de um estudo que calculou o número de mortes prematuras por doenças crônicas – diabetes tipo 2, doenças crônicas cardíacas e renais, câncer – que podem ser atribuídas ao consumo de ultraprocessados. O número é aterrador: 57 mil pessoas, com idade entre 30 e 69 anos de idade, morrem anualmente no Brasil por causa do consumo de refrigerantes, biscoitos recheados, salgadinhos industrializados, por exemplo.
O estudo foi realizado por pesquisadores do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (Nupens/USP), Fundação Oswaldo Cruz, e Universidade Nacional do Chile, e liderado pelo epidemiologista Eduardo Nilson. O artigo científico foi publicado em inglês na revista internacional American Journal of Preventive Medicine, e a ACT Promoção da Saúde, como uma das apoiadoras da pesquisa, lança também um resumo executivo do estudo, em português, com os principais resultados – você pode clicar aqui para acessar o material.
A pesquisa parte da seguinte premissa, fundamentada por outros estudos e meta-análises: quanto maior a participação (%) de alimentos ultraprocessados na dieta, maior o risco de doenças crônicas não transmissíveis. Os pesquisadores aplicaram, então, um modelo matemático que combinou dados populacionais (sexo, faixa etária), dados sobre o consumo de produtos ultraprocessados (estimativa da participação dos ultraprocessados no total de energia consumida no Brasil), o risco relativo para associação entre consumo de ultraprocessados e mortalidade para todas as causas de doenças crônicas analisadas pela pesquisa, e o total de mortes prematuras – ou seja, de pessoas entre 30 e 69 anos de idade – que ocorreram no ano de 2019.
Foi assim que os pesquisadores chegaram ao número de 57 mil mortes em 2019, o que corresponde a mais de 10% de todas as mortes prematuras que ocorreram naquele ano. Outro achado da pesquisa: a maior parte das mortes atribuíveis ao consumo de alimentos ultraprocessados ocorreram em homens e adultos acima dos 50 anos de idade. Contudo, mais de 20% das mortes atribuíveis ao consumo de alimentos ultraprocessados já ocorrem entre os adultos com menos de 50 anos, entre os quais o percentual de participação dos alimentos ultraprocessados no total calórico da dieta é maior.
O estudo também previu cenários em que o consumo de ultraprocessados pela população fosse menor do que o atual. Nestes cenários, observou-se que uma redução de 10% no consumo de ultraprocessados evitaria a morte prematura de quase 6 mil pessoas, e se essa redução fosse de 50%, 29 mil vidas poderiam ser salvas.
O artigo conclui que promover ambientes alimentares saudáveis é decisivo para reduzir o consumo de ultraprocessados, estimulando o consumo de alimentos in natura e minimamente processados – o nosso arroz e feijão! – e reduzindo o acesso aos ultraprocesssados, seja por meio de regulação de oferta em escolas e outros pontos de venda, adotando a rotulagem nutricional de alerta ou aumentando a taxação desses produtos industrializados.