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Denize Amorim
Em 25 de julho celebra-se o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha, data fundamental para dar visibilidade aos desafios enfrentados para que nós, mulheres negras, tenhamos nossos espaços reconhecidos e nossa causa fortalecida. No Brasil, foi instituído como Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra.
O machismo e o racismo estruturais dos quais somos vítimas afetam nossas vidas de forma sistemática, impactando em fatores que determinam a saúde, como, por exemplo, o acesso a alimentos em quantidade e qualidade suficientes.
Em março de 2024, a ACT lançou o estudo “Determinantes Sociais em Saúde e as Doenças Crônicas Não Transmissíveis e seus fatores de risco e de proteção na população adulta brasileira”, apresentando os recortes de gênero, raça, renda e escolaridade. O estudo foi encomendado pela ACT e feito pela equipe da professora Déborah Malta, da Universidade Federal de Minas Gerais, que usa dados de dezembro de 2023 a janeiro de 2024.
A pesquisadora Laurenice Pires, doutora em Saúde Pública pela Fundação Oswaldo Cruz, analisou dados do estudo e apontou que mulheres negras têm um maior índice de hipertensão, diabetes, obesidade e excesso de peso e, ainda, consomem menos frutas e hortaliças e mais feijão que mulheres brancas.
Esses dados dialogam com os dados do VIGISAN (2022), inquérito a respeito da segurança alimentar e nutricional, segundo o qual o acesso pleno aos alimentos foi maior nos lares chefiados por homens brancos, de 58,3%. O percentual cai para 47,5% quando o lar era chefiado por uma mulher branca, e para 39,7% e 30,1% quando a pessoa de referência era um homem ou mulher negra, respectivamente.
Além disso, o boletim epidemiológico “Saúde da População Negra”, lançado em outubro de 2023, pelo Ministério da Saúde, confirma que os índices de saúde no Brasil são piores entre as pessoas negras. Segundo o site do Conselho Nacional de Saúde, os dados do boletim evidenciam o impacto do racismo enquanto um dos determinantes sociais de saúde e expõem a vulnerabilidade da população negra em relação ao acesso às políticas já existentes.
Nesse sentido, a ACT considera importante olharmos para os dados apresentados, junto com os achados do nosso recente estudo, para pautar políticas públicas e ações de prevenção às DCNTs e de Promoção da Saúde, observando as especificidades da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN) e os desafios enfrentados por essa população, em especial, as mulheres negras.
Saiba mais sobre a data
O portal Politize traz informações interessantes sobre a data, em que também se instituiu, no Brasil, o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra e, posteriormente, o Julho das Pretas.
Segundo a organização, em 1992 um grupo interessado em reverter os dados alarmantes de violência e desigualdade que atingiam a população negra se reuniu e criou o primeiro evento Encontro de Mulheres Negras Latinas e Caribenhas em Santo Domingo, na República Dominicana, para gerar debates, discussões e iniciativas para combater esses dados crescentes. Assim, nasceu o movimento da Rede de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-Caribenhas, que conseguiu, por meio das Nações Unidas, estabelecer que o dia 25 de julho fosse instituído como Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha.
Em 2013, o Odara – Instituto da Mulher Negra, da Bahia, passou a organizar a ação intitulada Julho das Pretas, promovendo debates e atividades sobre desigualdade de gênero e raça em todo o país.
Tereza de Benguela, que personifica a data, viveu no século XVIII e era casada com José Piolho, líder do Quilombo do Piolho, o maior do estado de Mato Grosso. Piolho foi assassinado por soldados e Tereza resistiu durante duas décadas, comandado a estrutura do quilombo. Conhecida como “Rainha Tereza”, por sua coragem, resiliência e determinação, é um importante símbolo contra a escravização, racismo e a luta da mulher negra.