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Anna Monteiro
Responsabilidade social é um termo tão vago e amplo, que realmente muito combina com os discursos de algumas grandes indústrias, também vagos e principalmente muito camuflados. E isso se evidencia quando estamos falando das indústrias do tabaco, que várias vezes se auto intitulam como empresas responsáveis socialmente.
Temos como exemplo a grande quantidade de edições dos programas patrocinados pela Souza Cruz destinados aos Jovens Rurais, como o Programa de Empreendedorismo do Jovem Rural[i] (PEJR). Eles estão pautados nos ideais de “educação do campo”, “desenvolvimento sustentável dos territórios rurais”, “empreendedorismo e preocupação com o futuro do jovem rural” e “noções de cidadania”. O próprio site da Souza Cruz nos links que seguem a “Tradição em Responsabilidade Social” aponta: “o PEJR dedica-se ao desenvolvimento integral da juventude do campo, na busca de formas sustentáveis de geração de renda para a melhoria da qualidade de vida das comunidades rurais. Executado através de parcerias com instituições públicas e organizações sociais, o PEJR transforma jovens em empreendedores e líderes, com sensibilidade para identificar oportunidades para si e seus familiares, e também para o território em que estão inseridos”[ii].
A Souza Cruz só esqueceu de divulgar para mídia e até mesmo colocar no seu boletim mensal, que no seu sistema de produção os fumicultores trabalham em condições análogas as da escravidão, pois a servidão por dívida ainda existe na produção brasileira de tabaco, de modo que os fumicultores continuam a trabalhar em benefício das indústrias do tabaco pelo endividamento que eles assumem logo no primeiro contrato. Além disso, o fumicultor nem sequer possui uma cópia de seu contrato de trabalho e só descobre o sistema na qual se submeteu depois de estar endividado, visto que, num primeiro momento, o “empréstimo” que as indústrias proporcionam em relação aos galpões, terrenos e estufas, parece um bom negócio.
A Souza Cruz também se esqueceu de contar que mesmo com todos os programas que ela faz com o direcionamento aos jovens, o seu sistema de produção implica exploração da mão-de-obra infantil e juvenil. E que, na medida em que as crianças
estão matriculadas numa instituição de ensino, elas passam a ter uma dupla jornada de trabalho. De manhã vão para a escola e a tarde trabalham ajudando os pais, já que a demanda que as indústrias do tabaco exigem dos trabalhadores rurais é muito grande e estes devem se empenhar para atendê-las e não formar uma dívida maior.
Seria muito interessante se fosse publicado no “Acontece Souza Cruz” o número anual de pessoas resgatadas pelo Ministério Público do Trabalho e pela Polícia Federal e Militar que trabalhavam em condições análogas a de escravos. E a porcentagem de crianças que estavam entre essas pessoas.