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O que isto tem a ver com cigarro? Bem, é um jeito de entender um pouco mais sobre a dependência psicológica, ou é apenas um devaneio meu, mas as pessoas costumam gostar da analogia…

Se você assistiu ao filme “Náufrago”, deve se lembrar do Sr.Wilson, uma bola de vôley que, junto com o personagem principal, permanece em uma ilha deserta após um acidente. Sozinho, o náufrago desenha na bola um rosto e com ela passa a estabelecer um relacionamento que o protege do penoso sentimento de solidão. A este novo “companheiro” recorre em diversos momentos, de tristeza, de impaciência ou mesmo de esperança.

Para nós, permanece uma bola de vôley desenhada com um rosto, porém para o personagem torna-se um “amigo”, repleto de significação, depositada a partir de seus sentimentos e vivências. Nesse contexto parece óbvio que ao tentar deixar a ilha o náufrago leve consigo o Sr. Wilson.

Enfrenta porém um mar agitado e num determinado momento, a bola cai no mar e ali se expõe um dilema: ir atrás da bola e arriscar sua vida ou ter que abandoná-la para preservar-se. No filme opta-se pela vida, e apesar do intenso sofrimento pela separação, neste momento rompe-se a poderosa relação imaginária construída até então.

Não é difícil conceber a analogia entre o náufrago e sua bola, e o fumante e seu cigarro. Certamente outros fatores atuam também na constituição da dependência ao tabaco, mas não devemos menosprezar a força desta ligação emocional que se estabelece ao longo dos anos de uso do cigarro. É comum ouvir do fumante em tratamento que o cigarro para ele é como um amigo, um companheiro de todas as horas, que parece ajudá-lo a enfrentar as dificuldades da vida.

Recobrar o olhar crítico e romper com tal imagem que foi construída com o passar dos anos pode ser decisivo para o abandono definitivo do tabagismo. Tenha certeza, o cigarro não é seu amigo.