add-search-to-menu
domain was triggered too early. This is usually an indicator for some code in the plugin or theme running too early. Translations should be loaded at the init
action or later. Please see Debugging in WordPress for more information. (This message was added in version 6.7.0.) in /home/u294706312/domains/typo.ag/public_html/act/wp-includes/functions.php on line 61211 de julho de 2024
Anna Monteiro
A ACT e especialistas em saúde e economia estão preocupados com a fase atual da reforma tributária e o movimento, nos bastidores, das indústrias de bebidas ultraprocessadas, que estão se aliando a diversas entidades e associações empresariais, inclusive de outros setores, para tentar derrubar a proposta governamental de incluir refrigerantes no imposto seletivo. A proposta de regulamentação enviada pelo governo federal ao Congresso prevê que refrigerantes sejam sobretaxados pelo imposto seletivo, além de tabaco e bebidas alcoólicas.
A estratégia dessas empresas é usar ameaças infundadas, argumentos falaciosos e pesquisas com conflito de interesses para persuadir deputados a derrubar a proposta do governo, e retirar os refrigerantes do imposto seletivo, como foi demonstrado em nota pública divulgada esta semana.
Não há qualquer dúvida sobre o impacto negativo dos refrigerantes para a saúde das famílias brasileiras e para os cofres públicos. No Brasil, 2,2 milhões de adultos brasileiros e cerca de 721 mil crianças estão com obesidade ou sobrepeso devido ao consumo de bebidas açucaradas, que incluem refrigerantes e outras bebidas, como sucos de caixinha e achocolatados. A obesidade não é o único impacto negativo: 1,3 milhão de pessoas têm diabetes tipo 2 no Brasil devido ao consumo de bebidas açucaradas, com mais de 80 mil novos casos por ano e 5.179 mortes de pacientes. Além disso, essas bebidas são responsáveis por 323 mil pessoas com doenças cardiovasculares, cerebrovasculares e câncer. No total, 13 mil pessoas morrem anualmente pelo consumo dessas bebidas, enquanto o custo ao Sistema Único de Saúde alcança R$ 3 bilhões/ano.
No Brasil, estudo da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) mostrou que adotar um imposto entre 20% sobre bebidas adoçadas reduziria o consumo desses produtos em 19%, geraria R$ 4,7 bilhões em arrecadação ao governo, aumentaria o PIB em R$ 2,4 bilhões e geraria 69 mil empregos em função da migração de consumo para outras categorias mais saudáveis, como leite.
A reforma tributária preserva a Zona Franca de Manaus, onde as indústrias de bebidas açucaradas recebem benefícios fiscais bilionários. Desse modo, a aplicação do imposto seletivo a esta categoria apenas ajuda a corrigir, minimamente, uma distorção tributária que já perdura décadas e incentiva o consumo de refrigerantes. Além disso, a manutenção desses incentivos esvazia o sentido das ameaças de perdas econômicas e fuga de indústrias para outros países.
Estudo mostra que preço de cigarro e cerveja subiram menos que do feijão com arroz
O cigarro e a cerveja, produtos associados a doenças e mortes, que geram prejuízos para toda a sociedade, vem subindo de preço num ritmo bem menos acelerado que o feijão e o arroz, alimentos ricos em nutrientes que compõem a base da dieta nacional. A comparação se destaca entre as conclusões do relatório Tabaco, Álcool e Alimentos: Evolução dos Preços e Prioridades nas Políticas Públicas, lançado pelo economista Valter Palmieri Júnior, com o apoio da ACT Promoção da Saúde.
O estudo defende que a Reforma Tributária pode rever essa distorção garantindo alíquotas mais rigorosas para artigos que fazem mal e incentivos para aqueles essenciais à vida. A proposta de regulamentação do projeto encaminhada pelo Governo ao Congresso institui o imposto seletivo para bebidas alcoólicas, derivados do tabaco e refrigerantes.
“Uma maior tributação da cerveja e do cigarro promoveria um aumento direto e praticamente instantâneo”, prevê o autor. A estratégia, prossegue ele, “desestimularia a demanda, uma vez que as pessoas consomem menos quando há um aumento no preço de um produto não essencial.”
A análise de Palmieri recua até 2016, quando aconteceu o último reajuste sobre derivados do tabaco e se estabeleceu o preço mínimo de R$5 – que permanece inalterado. Naquela época, com o valor de 30 maços, R$150, se comprava 57,4 quilos de arroz. Hoje, só dá para 32,5 quilos. Se fosse aplicada a correção do IPCA para o período, o preço mínimo do cigarro deveria ser R$ 12,70.
O autor pontua que, quanto menor o orçamento da família, maior o impacto do cigarro nas despesas. A partir de dados da Universidade Católica de Brasília (UCB), o economista calcula que um acréscimo de 10% no preço final do cigarro significaria R$39 a mais na renda mensal. E afirma, ainda, que a medida deixaria o produto menos atrativo, especialmente, para os mais jovens e os mais pobres.
A lógica muda com a cerveja. Aqui, quanto maior a renda, maior a proporção dos gastos.
Em compensação, a inflação da bebida também perde para a da cesta básica, mesmo sofrendo aumentos sistemáticos nos últimos anos. Entre 2017 e 2023, na categoria consumo doméstico, a cerveja registrou elevação de 32,8% contra 54,4% dos alimentos.