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Rosa Mattos
Ano novo, novas promessas e compromissos, vida nova! E uma das boas novidades que merecem ser celebradas, principalmente pelos cariocas, é que 2023 será ano de um recomeço mais saudável para a estação de Metrô Botafogo, já que chegou ao fim o nefasto contrato que atrelou o nome da Coca-Cola, gigante indústria das bebidas açucaradas e ultraprocessadas, a um dos bairros mais antigos e tradicionais do Rio de Janeiro. Botafogo não merecia esse castigo – que só depois de tanto tempo e luta chega ao final! Xô Coca!
Exatamente há 2 anos, em janeiro de 2021 e em meio às incertezas e tensões da pandemia da Covid-19, cariocas foram surpreendidos pela mudança repentina: Estação Botafogo-Coca-Cola nos letreiros e sinalizações de todas as estações do metrô, nas linhas 1 e 2, Botafogo Coca-Cola nos mapas, Botafogo-Coca-Cola no letreiro do trem e na locução que anunciava a chegada à estação. A concessionária Metrô Rio, que administra o sistema metroviário, tinha vendido o nome para a Coca-Cola, sem pedir licença ou autorização ao poder público. Oficialmente, o MetrôRio tentou justificar o contrato dizendo que a crise econômica gerada pela pandemia tinha obrigado a concessionária a buscar novas formas de arrecadação de recursos. Papo furado! Com base na Lei de Acesso à Informação (LAI), a ACT Promoção da Saúde descobriu que o contrato tinha sido firmado em fevereiro de 2020, ou seja, antes da pandemia.
A Coca-Cola é a maior indústria de bebidas açucaradas do mundo, produtos associados a doenças graves como diabetes tipo 2, obesidade, hipertensão, doenças renais crônicas e até câncer. Uma bebida que o Guia Alimentar da População Brasileira recomenda evitar. A compra do nome da estação – também chamada de “naming rights” – é uma forma sorrateira de publicidade. Em uma das ações que fizemos, na porta da estação, foi curioso conversar com alguns passageiros que diziam não ter notado a mudança: tinham ouvido o nome da Coca-Cola na voz da locutora que anunciava a estação, tinham lido o nome da Coca-Cola nos (muitos) letreiros, mas não tinham percebido conscientemente a publicidade dos refrigerantes. Já outras pessoas estavam indignadas com a tomada do nome de um espaço público por uma empresa cujo produto faz mal à saúde.
É importante dizer que o contrato milionário aumentou sim a arrecadação da concessionária Metrô Rio – mas que não se reverteu em benefícios para os passageiros. Redução da passagem? Melhorias na estação? Nada. Além de não oferecer vantagem alguma para a população, a “compra” da estação pela Coca-Cola impediu, por exemplo, que a ACT anunciasse nos painéis da plataforma a campanha Doce Veneno – que justamente mostrava os efeitos nocivos à saúde do consumo das bebidas açucaradas. Ou seja: uma campanha publicitária de interesse comercial e uma campanha publicitária de promoção da saúde em lados opostos. E a saúde saiu perdendo.
Contra a publicidade sorrateira, levantamos nossa voz. Escrevemos artigos para jornais e sites de notícias. Fizemos um protesto na estação de metrô, campanhas nas redes sociais, e vídeos que chamassem a atenção do problema, como o “Próxima Estação: Botafogo – Diabetes” e uma paródia divertida do filme “O sequestro do metrô 1 2 3”. Redigimos um manifesto a muitas mãos, assinado por milhares de pessoas e por outras 40 organizações e grupos de pesquisa – como a Associação de Moradores de Botafogo, Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável, Greenpeace Brasil, Casa Fluminense, Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP Brasil) e Instituto Pólis, entre outras.
Paralelamente, acionamos o poder público – que são os responsáveis por zelar pelo interesse e saúde públicos e impedir esse tipo de abuso econômico. Entramos em contato com a Secretaria de Transportes e a Agência Reguladora de Transportes Públicos Concedidos de Transportes Aquaviários, Ferroviários, Metroviários e de Rodovias do Estado do Rio de Janeiro (Agetransp), que se posicionaram pedindo à concessionária que o contrato fosse suspenso.
Até que em novembro do ano passado, notamos que os painéis da estação tinham sido trocados e o nome da Coca-Cola, retirado. Perguntada, a assessoria de imprensa do Metrô Rio respondeu que o contrato tinha chegado ao fim – será? Ou será que a concessionária e empresa decidiram interrompê-lo diante de uma iminente reação do poder público? Não sabemos ao certo. O que sabemos e merecemos é comemorar.
Xô coca-cola e xô publicidade de produtos nocivos à saúde!