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ACT
Dando seguimento à análise dos resultados divulgados recentemente pelo Vigitel 2021, a Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, pesquisa realizada anualmente nas capitais e no Distrito Federal, falaremos neste texto sobre os dados colhidos com relação ao tabagismo. Para ver os resultados referentes a doenças crônicas, consumo de álcool e atividade física, clique aqui.
Prevalência de tabagismo e fumo passivo
Para avaliar o percentual de fumantes, considerou-se a pergunta “Atualmente, o(a) Sr.(a) fuma?”, independente do número de cigarros, da frequência e da duração.
9,1% das pessoas entrevistadas em 2021 afirmaram que fumam. A frequência de adultos fumantes é maior entre homens (11,8%) do que entre mulheres (6,7%). O percentual de diminuiu com o aumento da escolaridade e foi particularmente alto entre homens com até oito anos de estudo (15,7%).
O percentual de usuários de cigarros eletrônicos mantém-se estável nos últimos anos: a pesquisa indicou que 2,24% dos entrevistados em 2021 faziam uso desses produtos. Em 2020, o índice havia sido de 2,54%, e, em 2019, era de 2,33%. No entanto, um recorte feito pelo INCA mostra que o percentual é bem maior entre brasileiros com idade de 18 a 24 anos do que na população geral da pesquisa: para essa faixa etária, o valor ficou em 6,1%.
Com relação ao fumo passivo, os indicadores são divididos entre o domicílio e o local de trabalho. A frequência de fumantes passivos no domicílio em 2021 foi de 6,9%. Os mais jovens, com idade até 24 anos, são mais expostos (9,5%) do que os mais velhos (acima de 65 anos – 4,9%).
A lei antifumo deveria evitar que pessoas estivessem expostas ao tabagismo em seus locais de trabalho, mas o Vigitel mostra que isso ainda acontece para 5,4% dos entrevistados. A frequência de fumantes passivos no local de trabalho foi maior entre os homens (8,1%) do que entre as mulheres (3,2%).
Análise
O índice geral de 9,1% de fumantes representa uma diminuição da prevalência, em comparação com os anos de 2020 (9,5%) e 2019 (9,8%). Apesar da queda ser certamente um fator positivo, é preciso analisar cuidadosamente o contexto em que a pesquisa ocorreu. Com isso em mente, o pesquisador André Szklo, do INCA, realizou uma análise que leva em conta outros pontos não abordados pelo Vigitel.
Há dez anos, em 2011, o percentual de fumantes do Vigitel era de 13,4%. Naquele ano, foi implementada uma política de preços e impostos que durou até 2016, quando os reajustes pararam de ser aplicados. O que a análise observa é que, entre 2011 e 2016, com a política ativa, foram registradas quedas no tabagismo anualmente – mas, após esse período, a prevalência passou a ficar estagnada, registrando até um aumento entre 2018 (9,3%) e 2019 (9,8%).
Assim, para entender melhor a queda registrada nas últimas pesquisas, há de se considerar, conforme análise do INCA, o contexto macroeconômico dos períodos em que foram realizadas as duas últimas edições do Vigitel. O brasileiro enfrenta uma crise sanitária e financeira e, portanto, é plausível que os dados indiquem que aparentemente houve um maior impacto na redução da iniciação (pois a dificuldade financeira seria um obstáculo para que as pessoas começassem a fumar) do que no aumento da cessação (visto que as pessoas que já fumam e têm a dependência em nicotina estabelecida provavelmente farão mais sacrifícios para continuar a consumir produtos de tabaco). A análise do INCA avalia, inclusive, que indivíduos dependentes da nicotina com ensino fundamental incompleto parecem abrir mão de itens da cesta básica para poder continuar a fumar.
Essas considerações são preocupantes porque indicam a possibilidade dos índices de tabagismo voltarem a subir quando a economia estiver recuperada. Por isso, é essencial continuar a aprimorar e implementar medidas de controle do tabaco, incluindo a própria retomada da política de preços e impostos, a efetivação da proibição de aditivos de sabor e aromas em cigarros, a manutenção da proibição de dispositivos eletrônicos para fumar e a intensificação da fiscalização da propaganda ilegal de produtos de tabaco, entre outras.
Juliana Waetge e Mariana Pinho